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Foto: Claudia Brasileiro
Há quase três décadas, o projeto vem monitorando o papagaio e observa que praticamente
toda a população da espécie concentra-se anualmente, entre os meses de maio e junho,
nos municípios de Painel e Urupema (região da Serra Catarinense), usufruindo do alimento
fornecido pelas florestas de araucárias. Este padrão comportamental da espécie (reunir-
se em um grande bando comum) facilita a realização de um censo anual, que, desde 1995,
permite o monitoramento do tamanho da população mundial da espécie. Em 1991, a AMA
(Associação dos Amigos do Meio Ambiente) criou, na região de Passo Fundo e Carazinho, no
Rio Grande do Sul, o Projeto Charão – Programa de pesquisa e educação ambiental voltado
à preservação da vida silvestre, que realiza pesquisas nas áreas da biologia, da ecologia e do
comportamento do papagaio-charão em ambiente natural nos estados do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina. Assim, o Projeto, desenvolvido há quase três décadas, já reuniu muitas
informações sobre a biologia da espécie que permitiram a aplicação de diferentes estratégias
de conservação que minimizaram os fortes impactos sobre a espécie, reduzida a uma
população de aproximadamente 19 mil indivíduos atualmente. Medidas conservacionistas
para evitar o declínio populacional do papagaio-charão são principalmente representadas por
ações educativas de preservação das matas nativas remanescentes, nas quais a ave encontra
condições de nidificação e alimentação; no incentivo de programas de reposição florestal, em
especial com as espécies nativas que propiciem ambientes de nidificação aos papagaios e
que lhes forneça algum item alimentar, com destaque para a araucária. Uma ação de destaque
é a criação, em abril de 2018, da Reserva Particular do Patrimônio Nacional (RPPN) Papagaios
de Altitude.
Em dezembro de 2018, CPSG proporcionou um workshop para aplicação das diretrizes
da UICN CSE sobre uso de manejo ex situ para a conservação das espécies de papagaios
contempladas no Plano de Ação Nacional para Conservação de Papagaios, do ICMBio.
O Parque das Aves oferece oferece apoio financeiro para a implantação da infraestrutura
que servirá como base operacional da RPPN em Urupema, Santa Catarina. Tal estrutura física
permitirá tanto ampliar e aumentar a eficácia das pesquisas em campo com a espécie, bem
como aumentar as ações educativas seja com a comunidade local ou com os turistas que
visitam a região no período do inverno.
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