Page 70 - Livreto Conservação
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Foto: João Quental
Papagaio-de-peito-roxo
O papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) ocorre no Brasil, Paraguai e norte da Argentina.
No Brasil é encontrado do sul da Bahia e norte de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Registros
recentes para a Argentina citam a região central oeste de Missiones e uma população isolada
em Campo Viera. No Paraguai é citada nas Unidades da Federação de Canideyú, Alto Paraná e
Caaguazú. Desde 2009 é classificado como em perigo (EN) de extinção pela UICN e apresenta
uma tendência de declínio populacional, segundo a mesma fonte. Apesar da espécie apresentar
uma ampla distribuição geográfica, seu tamanho populacional no Brasil ainda não é totalmente
conhecido, e estima-se não passar de 8000 animais. O Programa Nacional para Conservação
do Papagaio-de-peito-roxo, coordenado pelo Projeto Charão, vem monitorando, desde 2009,
a espécie no país, quando foram registrados 345 animais. Em 2018 este registro totalizou em
4758 animais, sendo 61% deles localizados em Santa Catarina, 22% no Paraná e 7% em Minas
Gerais. Os tamanhos estimados para os outros países são bem preocupantes, uma vez que não
passam dos 500 indivíduos: 220 indivíduos no Paraguai e 203 na Argentina.
Assim como o papagaio-charão, esta espécie está preferencialmente associada a ambientes
com floresta de araucárias, portanto, a redução deste tipo de habitat é uma das principais
ameaças à espécie, assim como a captura de ovos e filhotes, bem como ausência de locais
próprios para nidificar. Assim, ações de educação ambiental, geração de renda alternativa para
comunidades de entorno e monitoramento de áreas de alimentação, dormitório e reprodução
são tidas como prioridade.
Uma outra estratégia de conservação para a espécie é o Projeto de Reintrodução do Papagaio-
de-peito-roxo no Parque Nacional das Araucárias, estabelecido em 2010 pelo Instituto Espaço
Silvestre. Esta ação conta até o momento com a reintrodução de 153 papagaios no local, sendo
13 em 2001, 30 em 2012, 33 em 2015, 7 em 2016, 30 em 2017 e 40 em 2018. No ano de 2017, o
Parque das Aves enviou três animais da sua população para serem reintroduzidos no local. Ao
chegar ali, os animais passam por um treinamento comportamental que os preparam melhor
para o processo de soltura branda ao qual serão apresentados. O Parque das Aves também
contribui com o apoio financeiro para a construção de caixas ninho, que oferecem a esta e
outras espécies uma maior oportunidade de local para nidificar na região, bem como com o
fornecimento de câmeras trap, essenciais ao monitoramento pós-soltura.
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