Repovoando a Mata Atlântica com as jardineiras da floresta
Publicado por parquedasaves em 03/08/2023
Atualizado em 24 de agosto de 2023
Tempo de leitura: 4 minutos
Em nossas redes sociais, e aqui mesmo no blog, gostamos muito de falar sobre o nosso envolvimento com projetos de conservação de aves da Mata Atlântica.
Uma dúvida que talvez nossos leitores tenham é sobre como é o nosso envolvimento na prática e o que acontece em campo nesses projetos.
A fim de deixar você mais por dentro, preparamos esse material de bastidores com informações valiosas sobre o Projeto Jacutinga.
Esse projeto, coordenado pela Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil – SAVE Brasil, é um dos pilares de translocação de jacutingas hoje na Mata Atlântica, bioma onde ela ocorria frequentemente.
“Translocação conservacionista é o movimento intencional de organismos de um local para liberação em outro.
Esta deve ter a intenção de produzir um benefício mensurável à conservação a nível de população, espécie ou ecossistema, e não apenas de beneficiar os indivíduos translocados.” (Fonte: UICN)
Vamos começar a conhecer melhor os bastidores do Projeto Jacutinga?
Todas as jacutingas nascidas aqui no Parque das Aves vão para São Francisco Xavier, em São Paulo.
Nessa cidade fica o viveiro de reabilitação da SAVE Brasil, onde as jacutingas que nascem sob cuidados humanos aprendem a viver na floresta.
Isso quer dizer que elas são treinadas para identificar predadores e reconhecer plantas nativas da floresta, como o fruto da palmeira-juçara, um de seus alimentos favoritos.
As aves também ganham uma combinação de anilhas para facilitar a observação delas a distância.
As aves que nascem sob cuidados humanos não podem ser simplesmente liberadas, por isso o processo de reabilitar ou treinar elas para viver na floresta é crucial para o sucesso do projeto.
Um dos métodos utilizados pela equipe da SAVE Brasil é a liberação branda (soft release, em inglês).
Esse tipo de liberação ocorre gradualmente, sendo planejada para que os animais que nasceram sob cuidados humanos possam conquistar autonomia para se alimentar, encontrar parceiros para o acasalamento ou fugir de predadores.
A liberação branda é apenas uma parte do processo de translocação das jacutingas para a Mata Atlântica.
Após serem liberadas, começa a fase de monitoramento das aves para observar como elas estão se comportando.
Através da monitoração dá pra saber se elas estão bem adaptadas, e com essas informações o projeto consegue entender se tudo está saindo conforme o planejado, e também melhorar seus processos de liberação.
Só para citar um exemplo de como essa fase de monitoramento é importante, descobriu-se que as jacutingas se alimentam de mais de 50 sementes de plantas distintas, o que são 10 a mais do que se acreditava.
A Mimi foi a primeira jacutinga liberada do Parque das Aves, em 2018. Além disso, ela também foi a primeira a parear com um macho, o Saci, do Zoo de São Paulo.
Esse encontro entre a Mimi e o Saci foi um marco para o projeto porque foi a primeira vez que a equipe da SAVE Brasil teve notícias de acasalamento e vestígios de postura de ovos, já que um ninho foi encontrado.
Em maio de 2023, mais duas jacutingas nascidas no Parque das Aves foram integrar o Projeto Jacutinga.
Através de uma votação interna, os colaboradores do Parque nomearam as duas jacutingas machos de Ameixa e Tingo.
Esse último, ao chegar em São Francisco Xavier, passou a ser chamado carinhosamente de Tingão devido a existência de uma outra ave com o mesmo nome.
As duas jacutingas passaram pelo período de reabilitação durante 2 meses e foram super bem nos treinamentos, porém apenas Ameixa foi considerada apta para liberação.
Pelo fato de Tingão ficar muito mais no chão do que no alto, e por querer estar sempre próximo da equipe da SAVE Brasil, ele acabou não entrando para a fase da liberação.
No vídeo, Alecsandra Tassoni, coordenadora de projetos da SAVE Brasil, explica os dois motivos que excluíram Tingão da fase de liberação.
O Projeto Jacutinga recebe apoio de diversas instituições brasileiras, mas precisamos citar a ajuda dos moradores de São Francisco Xavier, localizado em São Paulo.
Eles são parte importante para o desenvolvimento dos trabalhos com as aves na região, sendo imprescindível essa parceria que a SAVE Brasil constrói com a comunidade.
Como as jacutingas percorrem muitos locais, como propriedades privadas, os moradores acabam ajudando a identificar as aves e comunicando ao projeto sobre sua localização.
Localizando as jacutingas, a equipe pode monitorar elas mais de perto, e observar seus comportamentos atuais, suas interações com outras aves, e muito mais.
Desse modo, quanto mais a sociedade participar e contribuir com projetos de conservação, melhor para todos: para os animais, para os cientistas, para os ecossistemas e para a comunidade local.
“A ciência cidadã consiste na parceria entre amadores e cientistas na coleta de dados para a pesquisa científica, utilizando metodologias participativas desenvolvidas por cidadãos ou em colaboração com pesquisadores profissionais para ampliar a participação do público na gestão ambiental, onde qualquer pessoa em qualquer lugar pode submeter as suas informações através de internet mediante aplicativos e celulares.
Uma ferramenta científica eficiente, que gera muitos dados com pouco investimento.” (fonte: SiBBr)
O Parque das Aves é uma instituição privada. Isso quer dizer que os visitantes ajudam a financiar indiretamente todos os projetos de conservação quando nos visitam.
Por isso, visite o Parque das Aves!
Ficamos em frente das Cataratas do Iguaçu, é só atravessar a rua!
Valores de ingressos, descontos, horários e muito mais você fica sabendo ao clicar aqui.
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