PAN Aves da Mata Atlântica: salvando espécies da extinção
Publicado por parquedasaves em 27/05/2020
Atualizado em 22 de agosto de 2024
Tempo de leitura: 8 minutos
Para comemorar o Dia da Mata Atlântica, vamos falar um pouco sobre os Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs), especialmente o PAN Aves da Mata Atlântica, do qual o Parque das Aves participa!
Um Plano de Ação Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN) é um documento, construído de forma participativa por diversas pessoas e instituições, que ajuda a planejar e organizar ações para conservar espécies de plantas, animais e outros seres vivos, e dos ambientes naturais onde eles vivem. A ideia é identificar as principais ameaças que fazem com que essas espécies estejam em risco de extinção, e propor maneiras de combatê-las.
Aves que integram o PAN:
As estratégias podem incluir: minimizar as ameaças sobre as espécies, conciliar a convivência entre as espécies e a sociedade, conservar os animais em locais especializados (como os zoológicos e os criadouros conservacionistas), fortalecer pesquisas sobre as espécies, desenvolver ações de educação ambiental, recuperar áreas degradadas, promover a conectividade entre os ambientes naturais, criar e manter Unidades de Conservação.
A responsabilidade de desenvolver os PANs é da União, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Para isso, em 2018 o ICMBio criou uma Instrução Normativa nº 21/2018, que ajuda a direcionar a criação e a execução desses planos de ação. A partir das orientações desta Instrução Normativa, os PANs são criados de modo participativo: muitos especialistas em conservação das espécies na natureza e sob cuidados humanos (como no zoológicos e criadouros conservacionistas, por exemplo) podem sugerir ações, além da participação de órgãos do governo, de organizações não governamentais (ONGs) ligadas à conservação, da comunidade local, entre outras partes interessadas.
Existem hoje 48 PANs em andamento, e eles podem ser de vários tipos diferentes:
PANs focados em biomas – como o PAN das Aves da Caatinga;
PANs que representam um grupo de espécies que compartilham características em comum – como o PAN de Pequenos Felinos, que inclui vários tipos diferentes de felinos brasileiros;
PANs exclusivos para uma espécie – como é o caso do PAN do Soldadinho do Araripe e do PAN do Pato Mergulhão.
Para conhecer a lista completa de todos os PANs que existem no Brasil, clique aqui.
Todo PAN tem um ciclo, que envolve quatro etapas principais:
1 – Planejar as ações
2 – Implementar as ações
3 – Monitorar as ações
4 – Avaliar os resultados alcançados
Essas etapas devem ser cumpridas dentro do período de duração do PAN (chamado de ciclo). Esse monitoramento é feito anualmente, pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GAT). Se durante essa etapa o GAT perceber que é necessário, o período pode ser estendido (novo ciclo). Por exemplo: o PAN Aves da Mata Atlântica tem 5 anos de duração (2017 a 2022) – mas, se preciso for, poderá haver um novo ciclo deste PAN.
A Mata Atlântica está espalhada em 17 estados brasileiros (RN, CE, PI, PB, PE, AL, SE, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS). Na maior parte deles, há conexão com a costa do país – o próprio nome da floresta vem justamente da proximidade com o Oceano Atlântico! Por isso, a Mata Atlântica é lar para mais de 72% da população brasileira!
Em termos de biodiversidade, a Mata Atlântica é o 2º bioma que abriga a maior variedade de formas de vida, e também concentra um imenso número de espécies endêmicas – ou seja, que só existem ali! A diversidade de espécies botânicas que encontramos na Mata Atlântica é algo incrível e encantador: ali vivem 5% da flora mundial (quase 20 mil espécies vegetais!), o que corresponde a 35% das plantas existentes no Brasil. Dessas 20 mil espécies, mais de 8 mil são exclusivas do bioma, e grande parte delas está ameaçada de extinção.
No mundo dos animais que vivem na Mata Atlântica, também encontramos uma diversidade espetacular: ali habitam 5% das espécies de vertebrados do mundo, o que representa mais de 2 mil espécies de animais! Para o grupo das aves, são quase 900 espécies, das quais 45% apresentam algum nível de risco de desaparecer na natureza. Isso significa que 120 espécies e subespécies precisam de ações para que sua população aumente e possam desempenhar seu papel ecológico na teia da vida deste bioma – uma teia que está muito conectada com os seres humanos que vivem ali – ou seja, cerca de 145 milhões de pessoas!
Com tamanha importância, a Mata Atlântica foi decretada Patrimônio Nacional na Constituição Federal de 1988, e é considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO. Em 2006, foi criada a Lei da Mata Atlântica (lei 11.428/2006), que é o principal instrumento para proteger este bioma. Porém, infelizmente, existem diversas ameaças à Mata Atlântica. Porém, o que muita gente não sabe é que as áreas de Mata Atlântica que já foram desmatadas dentro desses estados continuam sendo consideradas área do bioma. Entre elas, temos: o desmatamento (histórico e atual) para usar a terra na agropecuária, urbanização e industrialização, o consumismo das pessoas (que acelera toda essa destruição), o tráfico de animais silvestres, a caça predatória e a poluição em todas as suas formas. Todas essas situações trazem um impacto imenso para a biodiversidade desse bioma!
A ideia principal desse PAN é implementar ações para ajudar a recuperar e conservar as espécies de aves da Mata Atlântica. O documento inclui 104 espécies de aves que estão ameaçadas de extinção, além de 22 espécies que estão na categoria “quase ameaçada”.
O PAN Aves da Mata Atlântica foi elaborado entre os dias 13 e 16 de outubro de 2014, com a participação de 31 pessoas, representando 25 instituições diferentes! Juntos, esses especialistas definiram algumas estratégias prioritárias para conservar as aves desse bioma, como: proteger, ampliar, restaurar e conectar os ambientes naturais onde vivem as aves; reduzir a caça e a captura ilegal desses animais; promover, de maneira adequada, a soltura e reintrodução desses animais nas áreas onde eles podem ser encontrados naturalmente; controlar a presença de espécies exóticas invasoras nas áreas onde vivem das espécies nativas e avaliar o efeito de alterações climáticas sobre esses animais.
Um ponto muito importante do PAN é que as populações de aves que existem na natureza devem ser geneticamente viáveis: isso significa que não basta existirem animais em uma determinada área, eles precisam ter uma genética saudável – ou seja: não deve ocorrer reprodução entre animais que são muito aparentados. É por isso que grandes áreas naturais bem conservadas são essenciais, assim como conectividade entre elas, pois evitam que os animais se reproduzam apenas com indivíduos muito próximos, com a genética muito parecida. Quantas coisas para serem pensadas quando falamos de conservação, não?
Levando tudo isso em consideração, foram elencadas 44 ações que precisam ser realizadas para que estes objetivos se cumpram. Esse é um grande desafio, e o Parque das Aves se orgulha de ser parte dessa atuação tão importante para a defesa das aves da #NossaMataAtlantica!
Você pode fazer MUITO para contribuir com os objetivos do PAN Aves da Atlântica! Veja algumas ideias:
1 – Visitar Unidades de Conservação da Mata Atlântica (como por exemplo, o Parque Nacional do Iguaçu, casa das Cataratas do Iguaçu);
2 – Participar de abaixo-assinados relacionados com a defesa da Mata Atlântica;
3 – Participar de consultas públicas relacionadas com meio ambiente no portal E-Cidadania.
4 – Fazer doações de qualquer valor para instituições que conservam a Mata Atlântica! Para ver algumas opções, clique aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui.
5 – Não incentivar o tráfico de animais silvestres, recusando a compra de aves em feiras clandestinas e locais suspeitos.
6 – Denunciar a venda ilegal de aves silvestres aos órgãos fiscalizadores, para que o ciclo do tráfico seja interrompido e essas espécies possam viver livres em seus ambientes naturais.
7 – Acompanhar as instituições parceiras do PAN Aves da Mata Atlântica nas redes sociais, e buscar conhecer melhor o trabalho que elas fazem. Para fazer isso, clique nos links abaixo:
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres – ICMBio/CEMAVE
Site
Instagram
Instituto para a Preservação da Mata Atlântica
Facebook
Mater Natura
Site
Facebook
Instagram
IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
Site
Facebook
Instagram
Aves de Rapina Brasil
Site
Facebook
Instagram
SAVE Brasil
Site
Facebook
Instagram
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
Site
Facebook
Instagram
Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação da Fauna Silvestre (LEMaC – ESALQ/USP)
Site
Facebook
Instituto Floravida
Site
Facebook
Instagram
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
Site
Facebook
Instagram
Instituto Butantan
Site
Facebook
Instagram
INEMA – Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia
Site
Facebook
Instagram
IEF – Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
Site
Facebook
Instagram
IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente do Espírito Santo
Site
Facebook
Instagram
IMA – Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina
Site
Facebook
Instagram
INEA – Instituto Estadual do Ambiente – Rio de Janeiro
Site
Facebook
Instagram
Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Site
Facebook
Ecology Brasil
Site
CPRH – Agência Nacional de Meio Ambiente de Pernambuco
Site
Facebook
Associação Pró Corujas
Facebook
Instagram
Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro (PUC)
Pontifícia Universidade Católica – Rio Grande do Sul
E em sua próxima visita a Foz do Iguaçu, não deixe de visitar o Parque das Aves e conhecer o trabalho de conservação de aves da Mata Atlântica bem de pertinho. O Parque fica localizado bem em frente às Cataratas do Iguaçu. Veja mais detalhes sobre a visita aqui: www.parquedasaves.com.br
Fontes:
Como funcionam os Planos de Ação Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas