Conheça 4 serpentes da Mata Atlântica
Publicado por Parque das Aves em 16/07/2022
Atualizado em 2 de dezembro de 2024
Tempo de leitura: 8 minutos
O Brasil é lar de mais de 400 espécies diferentes de serpentes, sendo que mais de 140 moram no bioma Mata Atlântica.
Verdadeiras guardiãs da floresta, as serpentes mantém as populações de outros animais em equilíbrio.
Inclusive, ao controlar o número de roedores, elas impedem a proliferação de doenças e protegem a saúde dos humanos também!
Além disso, com o veneno das serpentes, é possível produzir uma enorme variedade de medicamentos.
Por exemplo, o Captopril, um dos medicamentos mais usados contra pressão alta, é fabricado a partir do veneno de uma jararaca brasileira.
Infelizmente, apesar da sua importância, muitas pessoas ainda atacam e matam serpentes.
Aliás, diversos outros animais são confundidos com cobras, se tornando vítimas de maus-tratos. De fato, é o caso de algumas espécies de lagartos que não tem pernas (como a “cobra-de-vidro”) e de anfíbios e peixes de corpo alongado.
Por isso, em primeiro lugar, devemos lembrar que nem todo animal que parece uma cobra é uma. E, em segundo lugar, independente de ser uma cobra (ainda que seja peçonhenta), esse animal é importante e merece proteção!
Então, que tal descobrir curiosidades sobre 4 lindas serpentes, uma de cada região onde o bioma Mata Atlântica está presente?
O nome já diz tudo: a jararaca-de-murici (Bothrops muriciensis) é uma espécie exclusiva da Estação Ecológica de Murici, um pequeno fragmento de Mata Atlântica no estado do Alagoas.
Quando um animal só pode ser encontrado em um local específico, chamamos a espécie de endêmica.
E, justamente por viver apenas em um local tão pontual, a jararaca-de-murici, que só foi descrita pela ciência em 2001, já é considerada ameaçada de extinção.
Além de ser naturalmente rara, a pequena população de jararaca-de-murici também sofre com ação dos traficantes de animais silvestres. Por isso, nos últimos anos, a área onde esses animais vivem conta com câmeras, que registram o acesso de pessoas não-autorizadas.
Por fim, nada se sabe sobre a sua peçonha (veneno), que poderia até mesmo possuir qualidades importantes para a criação de novos medicamentos, como é comum no grupo das jararacas.
Podem até chamá-la de falsa, mas essa serpente é uma verdadeira mestre da imitação!
De fato, a coral-falsa (Erythrolamprus aesculapii), que não apresenta veneno, possui a habilidade de imitar a coloração da coral-verdadeira, uma espécie com veneno poderoso.
O resultado? Mesmo não apresentando veneno, a coral-falsa consegue se proteger dos predadores… que fogem ao ver aquela cor vibrante e lembrar da sua parente peçonhenta!
Belíssima, essa grande especialista em disfarces também pode ser avistada nas regiões Sul e Sudeste do país.
A cascavel (Crotallus durissus) é uma espécie muito musical: batendo no chão sua cauda com um chocalho, ela sempre avisa quando se sente incomodada!
Muitas vezes, o chocalho da cascavel recebe o nome de “guizo”, e é feito de anéis de queratina (o mesmo material das nossas unhas).
Inclusive, o guizo ajuda a indicar o número de mudas de pele que a serpente já fez. Isso porque, a cada muda, um novo anel é adicionado em sua cauda. No entanto, elas também podem perder anéis por aí!
Muito adaptável, essa profissional do som pode ser encontrada em diversos estados de todas as regiões brasileiras.
Famosa pelas suas manchinhas em formato de telefone, a urutu (Bothrops alternatus) é uma espécie conhecida na região Sul do país.
Muitas vezes chamada de “cruzeira”, essa estilosa serpente pode ser encontrada nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Apesar de fazer parte do grupo das jararacas (que abriga várias espécies com nome científico que começa com Bothrops), ela é a diferentona da família!
Então, enquanto suas primas tem o hábito de consumir anfíbios, lagartos, aves e outras cobras… a urutu prefere caçar, exclusivamente, mamíferos!
De fato, ela é uma predadora talentosa de camundongos, ratazanas, capivaras, preás e gambás, ajudando a controlar a população desses animais.
Você já viu alguma dessas lindezas na sua região? Aproveita e manda esse post para alguém que adora serpentes!
Apesar do nosso trabalho focado nas aves da Mata Atlântica, já acolhemos muitos animais que não são aves, recebidos principalmente de resgates do tráfico de animais.
É o caso de jabutis, cágados, jacarés e, claro, serpentes. Por isso, aqui no Parque, abrigamos algumas jiboias e sucuris!
No passado, alguns desses indivíduos se reproduziram – inclusive, vários de seus descendentes permanecem conosco até hoje. No entanto, atualmente nós não reproduzimos mais essas espécies, já que não estão ameaçadas de extinção. Para isso, separamos as fêmeas dos machos.
Como todas as cobras, as jiboias e as sucuris são animais exclusivamente carnívoros, que precisam receber presas para que tenham uma alimentação balanceada e nutritiva.
Portanto, criamos esses animais especialmente para alimentá-las, dentro do nosso biotério, que é um espaço específico para essa finalidade.
Além disso, todos os animais devem ser abatidos antes de serem ofertados às serpentes, pois seguimos as diretrizes vigentes de ética e bem-estar animal.
A frequência de alimentação desses animais varia bastante: dependendo da estação do ano, ocorrem mudanças no metabolismo das serpentes, que alteram o seu apetite. Então, nós oferecemos o alimento e registramos se elas estão consumindo ou não, para ir acompanhando!
No Brasil, a maioria das serpentes não é peçonhenta. Por exemplo, a jiboia e a sucuri, espécies encontradas aqui no Parque das Aves, não contam com nenhum veneno para matar suas presas.
De fato, elas “abraçam” a presa com tanta força que o fluxo sanguíneo é interrompido. Assim, o oxigênio acaba não chegando a órgãos vitais (como coração e cérebro), levando à morte do animal. Esse processo é chamado de constrição.
No Parque das Aves, não abrigamos serpentes peçonhentas. No entanto, se fosse o caso, a alimentação dela seria bem semelhante à das não-peçonhentas!
Vale lembrar que, independente do método de caça de uma serpente (veneno ou constrição), sua função é conseguir alimento. Ou seja: esse comportamento não serve para atacar humanos.
Aliás, já pensou como deve ser difícil caçar presas velozes, como ratos e coelhos… sem ter mãos? Não deve ser nada fácil!
Então, o veneno e a constrição servem para compensar essa questão.
Afinal, na natureza, não tem delivery de comida: perdeu a presa, perdeu a janta!
Assim, quando pensamos por esse lado… percebemos como esses mecanismos de caça são realmente incríveis!
No Parque das Aves, os recintos de todos os animais precisam incluir um abrigo. Para isso, o recinto das serpentes possui uma caverna!
Além disso, há itens que permitem expressar os comportamentos naturais da espécie. No caso das serpentes, temos troncos de diversos tamanhos e cestos de cipós, que simulam as bifurcações de árvores altas.
Além disso, há água corrente, que simula um riacho, e diversos substratos (como areia, feno e casca de pinus), para que as serpentes possam vivenciar diferentes texturas. Por fim, também há uma área aberta para as serpentes que quiserem ter acesso ao sol e à chuva!
Inclusive, assim como nós fazemos várias adaptações nos recintos das aves durante o inverno, com as serpentes não é diferente! Como as cobras não conseguem regular sua temperatura corporal como as aves, a temperatura delas sempre será a mesma do ambiente. Então, se estiver frio demais, a baixa temperatura prejudica a saúde e o bem-estar desses animais.
Assim, há lâmpadas de aquecimento dentro da caverna (que também tem um chão aquecido) e na área externa do recinto. Além disso, há aquecedores embutidos dentro dos cestos de cipó.
Dessa forma, as cobras podem escolher ficar onde se sentem mais confortáveis com a temperatura!
Muita gente tem dúvida sobre o que fazer se encontrar uma serpente – principalmente dentro de casa.
Quando um animal selvagem entra na nossa casa, normalmente é porque uma área natural foi desmatada ou destruída. Por isso, esses animais acabam aparecendo em áreas urbanas.
Portanto, é muito importante conservar os ambientes naturais, permitindo que os animais tenham onde viver em paz!
Se acontecer de encontrar uma serpente dentro da sua casa, fique longe e chame o órgão ambiental responsável para retirar o animal.
Evite tentar remover a serpente dali por conta própria, especialmente se você não tiver experiência! Você pode acabar ferindo o animal ou se ferindo (afinal, a cobra estará assustada e pode tentar se defender, certo?).
Além disso, para prevenir a entrada de serpentes, mantenha o seu terreno sem lixo, que pode atrair roedores. Lembre-se: esses animais são presas das serpentes (peçonhentas ou não).
Por fim, evite criar (sem querer) esconderijos perfeitos para cobras – como pilhas de madeira na garagem, bagunça no porão ou grama absurdamente alta no quintal.
Agora, se encontrar uma serpente em ambiente natural, simplesmente fique longe e deixe ela seguir seu rumo. Nesse caso, a visita é você!
Em caso de acidente com uma serpente, seja peçonhenta ou não, mantenha-se calmo e procure atendimento médico imediatamente. Além disso, recomenda-se beber bastante água e lavar o local com água e sabão, evitando a contaminação por bactérias.
Se a espécie com a qual você se acidentou for peçonhenta, será necessário tomar soro antiofídico. Para descobrir se você entrou em contato com veneno, o médico costuma analisar os sintomas apresentados. Então, não precisa levar a cobra para o hospital, certo?
Afinal, a maioria dos médicos não está apta a identificar espécies de serpentes. Além disso, esse transporte pode causar muito estresse para o animal e, claro, assustar as pessoas ao seu redor.
Por fim, outras dicas importantes incluem o que você não deve fazer! Por exemplo, em caso de acidente com serpente, não devemos beber álcool.
Além disso, o ideal é não mexer na ferida nem fazer torniquete, além de evitar passar qualquer substância na pele. Afinal, tudo isso isso pode prejudicar o seu tratamento, heim?
Venha conhecer tanta beleza ao vivo! Quando vier a Foz do Iguaçu, não deixe de visitar o Parque das Aves. Aliás, estamos em frente às Cataratas do Iguaçu. Veja mais detalhes sobre a visita aqui.