5 parcerias para salvar aves da Mata Atlântica
Publicado por Parque das Aves em 27/05/2022
Atualizado em 14 de fevereiro de 2023
Tempo de leitura: 10 minutos
Ninguém salva espécies sozinho: conheça 5 parcerias que o Parque das Aves já criou para conservar aves da Mata Atlântica!
Para salvar espécies em risco de extinção, primeiro precisamos entender como e onde elas estão ameaçadas.
Então, chega a hora de responder perguntas como “qual é o grau de ameaça da espécie?”, “quanto sua população vem dimuindo?”, “por que ela está desaparecendo?”, “onde ela já desapareceu?” e “como a espécie está em uma determinada região?”.
É claro que, para muitas espécies, não é nada fácil levantar todos esses dados – especialmente de forma precisa e atualizada. Imagine, então, se a sua meta é proteger 120 espécies… como é o caso do Parque das Aves!
A boa notícia é que esses dados e fatos podem ser fornecidos e compartilhados por parceiros, que também estão interessados em salvá-las.
Afinal, há especialistas que passam a vida inteira estudando esses animais… e que conseguem responder a essas e muitas outras perguntas!
Por exemplo, eles sabem dizer o que já sabemos (e o que não sabemos) sobre essas espécies: o que elas precisam para viver com qualidade e bem-estar; quais são suas maiores ameaças na natureza (caça, tráfico, desmatamento); o que precisamos fazer para protegê-las; se podemos fazer reintrodução na natureza; se deveríamos reproduzi-las em um lugar seguro.
No entanto, como toda essa avaliação é muito complexa, é preciso reunir uma grande quantidade de dados para identificar prioridades. E, claro, isso dificilmente pode ser feito por somente uma instituição!
(Aliás, já mencionamos antes a importância do trabalho coletivo para a conservação).
Por isso, no Parque das Aves, acreditamos numa abordagem de conservação integrada – que some esforços por um propósito comum!
Então, aderimos a uma filosofia chamada OPA (One Plan Approach to Conservation Planning) – ou, em português, “Plano Único de Conservação”.
O Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (CPSG – Conservation Planning Specialist Group) – uma iniciativa da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) – foi o responsável por desenvolver esse método de trabalho.
Em resumo, a filosofia OPA busca unir todas as disciplinas, meios, instituições e pessoas que podem contribuir para salvar uma espécie da extinção.
Ou seja, juntar todo mundo que já está “no mesmo time”… mas ainda não sabe ou anda “jogando” separado! Afinal… a união faz a força, né?
Então, para criar esse tipo de planejamento estratégico coletivo, trabalhamos sempre em parceria com especialistas da área da conservação.
Assim, como parte desse compromisso, organizamos e patrocinamos oficinas lideradas por especialistas do Brasil e do exterior para definir as ações específicas que podem salvar espécies ameaçadas de extinção!
No entanto, apesar da atuação em nível internacional, o trabalho focado no bioma Mata Atlântica não ficou para trás!
Desde que anunciamos nosso novo foco em espécies da Mata Atlântica, abrigamos mais aves desse bioma do que nunca.
Então, que tal conhecer 5 parceiros que estão transformando nosso sonho de salvar espécies da Mata Atlântica em realidade?
Mesmo antes de atuar pela conservação da Mata Atlântica, o Parque das Aves já estava envolvido com Planos de Ação Nacionais (PANs) para conservar espécies de aves ameaçadas de extinção, liderados pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
De fato, em 2015 já atuávamos na reprodução do mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), como parte do PAN Mutum-de-Alagoas.
Além disso, após a criação do PAN para a Conservação dos Passeriformes Ameaçados dos Campos Sulinos e Espinilho, o Parque das Aves ficou responsável pela manutenção e reprodução do cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata), um pássaro ameaçado de extinção.
Então, por meio de um acordo de cooperação técnica entre o ICMBio, o Ministério do Meio Ambiente e a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), mantemos e reproduzimos a espécie desde 2016 – mesmo que não seja uma ave de Mata Atlântica, nosso atual foco de trabalho.
Em 2018, também patrocinamos e organizamos um workshop para aplicar as diretrizes da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) ao PAN para a Conservação de Papagaios.
Nessa ocasião, os especialistas analisaram as seguintes espécies: papagaio-charão, papagaio-chauá, papagaio-moleiro, papagaio-de-cara-roxa, papagaio-de-peito-roxo e papagaio-verdadeiro.
Posteriormente, diversas espécies de aves da Mata Atlântica que tinham PANs separados ganharam um único plano de proteção: o Plano de Ação Nacional para Conservação de Aves da Mata Atlântica.
Então, a partir de 2017, conforme nossos esforços de conservação se voltaram para as aves da Mata Atlântica, também participamos do Grupo Assessor desse PAN.
Para isso, apoiamos e co-organizamos diversas oficinas para os especialistas envolvidos, algumas dentro do próprio Parque!
De fato, esse foi o caso de uma oficina para conservação da choquinha-de-alagoas e da rolinha-do-planalto, em 2019, e de um workshop para criar estratégias de conservação para a saíra-apunhalada, em 2021.
Um outro exemplo de parceria bem-sucedida para salvar espécies da Mata Atlântica é o trabalho realizado pelo time do Projeto Jacutinga, uma iniciativa da SAVE Brasil (Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil).
Como a jacutinga (Aburria jacutinga) está praticamente extinta em algumas regiões da Mata Atlântica devido à caça ilegal e às alterações em seu ambiente natural, o projeto busca reintroduzir e monitorar as aves nas áreas onde elas costumavam ocorrer.
Além disso, as atividades do Projeto Jacutinga também ajudam a educar as comunidades locais sobre a importância da espécie!
Assim, desde 2016, o Parque das Aves atua em parceria com o projeto, reproduzindo e enviando jacutingas para receberem um treinamento pré-soltura, que as prepara para a vida no ambiente natural.
Em 2017, enviamos 6 jacutingas que, durante 8 meses, passaram por esse processo de ambientação, dentro de um recinto em meio à mata nativa.
Então, no ano seguinte, a primeira soltura realizada foi a da jacutinga Mimi, seguida de Tingo e Mac – todos nascidos no Parque das Aves! É orgulho que chama, né?
Além disso, em 2019, o Parque das Aves também patrocinou um curso de capacitação em metodologia Vortex (um modelo computacional usado em ações de conservação) para profissionais do Projeto Jacutinga.
Desde 2018, o Parque das Aves é parceiro da ONG Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), por conta do periquito-de-cara-suja (Pyrrhura griseipectus), considerado o mais ameaçado das Américas, devido ao desmatamento e tráfico de animais.
Como parte dessa parceria, nos comprometemos a receber, abrigar e reproduzir periquitos-de-cara-suja resgatados de tráfico que não possam voltar ao seu ambiente natural.
No entanto, no início de abril, a parceria cresceu ainda mais!
A Aquasis, com autorização dos órgãos ambientais, trouxe cinco indivíduos de uru-do-nordeste (Odontophorus capueira plumbeicollis), uma das aves mais raras do Brasil, para compor uma população que iremos abrigar e reproduzir em segurança aqui no Parque das Aves.
Não é segredo o quanto nossa equipe é apaixonada por papagaios, certo?
Por isso, três anos após a abertura do Parque das Aves, nós já atuávamos como principal financiador do Projeto Papagaio Verdadeiro, desde 1997.
E, como o amor pelos papagaios é imenso… vai muito além de uma única espécie!
Por isso, em 2018, em parceria com o ICMBio, decidimos patrocinar e organizar um workshop em prol do Plano de Ação Nacional para Conservação de Papagaios.
Além disso, já lideramos ou participamos de diversas outras ações para proteger essas espécies! Por exemplo, nós já…
Em dado momento, todas as ações de proteção para essas espécies de papagaios foram reunidas no Programa Papagaios do Brasil. Seguimos divulgando e apoiando as aves por meio da parceria com esse programa!
Que tal conhecer melhor as espécies protegidas pela iniciativa nesse vídeo?
Infelizmente, a Lista de Aves Ameaçadas de Extinção do Paraná estava desatualizada desde 2004.
Por isso, uma lista vermelha de aves do Paraná atualizada fornece informações precisas sobre as espécies, funcionando como um ranking das aves que mais precisam de proteção. Então, esses dados tornam as intervenções na conservação mais efetivas!
Por isso, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o Parque das Aves financiou e organizou a revisão da lista, publicada em 2018.
Inclusive, nesse momento de diagnóstico, infelizmente descobrimos que onze espécies de aves já não habitavam mais as matas paranaenses.
Em em sua próxima visita à Foz do Iguaçu, que tal visitar o Parque das Aves e conhecer as aves da Mata Atlântica bem de pertinho? Inclusive, estamos em frente às Cataratas do Iguaçu. Veja mais detalhes sobre a visita aqui!