5 animais da Mata Atlântica que formam casais do mesmo sexo

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Na natureza, não tem preconceito! Descubra 5 animais que formam casais do mesmo sexo e podem ser observados em áreas de Mata Atlântica!

Ser homossexual é totalmente natural. Essa provavelmente foi a conclusão do biólogo Bruce Bagemihl, após passar dez anos pesquisando tudo o que já havia sido publicado sobre o comportamento sexual dos animais.

Em 1988, ele deixou a Universidade de British Columbia, no Canadá, para trabalhar por conta própria no tópico. Para isso, teve que procurar artigos escondidos, rastrear materiais de mais de 200 anos antes e entrevistar especialistas que preferiam não publicar suas descobertas.

O resultado? As 750 páginas (!) do livro “Exuberância Biológica – Homossexualidade Animal e Diversidade Natural”, onde Bagemihl analisou 450 espécies, todas praticantes de hábitos homossexuais.

O livro, cheio de evidências irrefutáveis, foi a primeira pesquisa completa sobre um assunto que já deixou muitos pesquisadores do reino animal em situações complicadas. De fato, o material foi tão inovador, que chegou a surpreender muitos biólogos, que ainda acreditavam que os animais só faziam sexo para reprodução.

A importância de casais do mesmo sexo no reino animal

Com sua pesquisa, Bagemihl trouxe um novo conceito para dentro da Biologia: o de que a homossexualidade, mesmo quando não gera descendentes, faz parte da rotina de inúmeras espécies.

Então, a partir do seu impressionante trabalho, muitos outros pesquisadores começaram a estudar o assunto. De fato, desde então, os cientistas já observaram comportamento homossexual em mais de 1.500 espécies de animais.

As espécies incluem animais de todos os grupos, como moluscos, alces, lagartos, gansos, botos cor-de-rosa, girafas, elefantes, leões, aranhas e moscas. Inclusive, para algumas delas, comportamentos homossexuais são mais frequentes que encontros com o sexo oposto. Existem até mesmo carneiros que se recusam a copular com ovelhas.

Entre os especialistas, há diversas explicações para esse comportamento. No entanto, de uma forma geral, a ciência mostra que essas relações homossexuais fortalecem a cooperação e o convívio entre os animais, criando vantagens para a sobrevivência dos indivíduos.

Assim, tudo indica que encontrar um parceiro social, inclusive do mesmo sexo, é uma prioridade importante para muitas espécies!

Namoro firme

Uma pesquisa com pássaros chamados mandarins, realizada pela Universidade da Califórnia Berkeley e pela Universidade Saint-Etienne, também descobriu que pares de aves do mesmo sexo têm relacionamentos tão estáveis e duradouros quanto casais do sexo oposto.

De fato, os mandarins homossexuais estabelecem relacionamentos que duram a vida toda, e passam muito tempo cantando para seus parceiros, alisando suas penas e dividindo o ninho. Muito fofinhos!

Aliás, quando expostos a indivíduos do sexo oposto, esses casais não tem o menor interesse em trocar de par! É fidelidade que chama, né?

Assim, com todas essas descobertas científicas, podemos ter certeza de que os relacionamentos entre animais não se resumem a um macho e uma fêmea que se encontram e se reproduzem.

Cuidando direitinho dos filhotes

No Zoológico de Rosamond Gifford, em Nova York, Elmer e Lima, um casal gay de pinguins Humbolt, ficaram famosos ao se tornarem pais adotivos de um filhote. Inclusive, como parte do programa de conservação realizado pela instituição, somente os pinguins mais confiáveis receberiam um ovo para incubar em seus ninhos. Que responsa, heim?

Aliás, eles não foram os únicos: Roy e Silo, dois pinguins machos do zoológico do Central Park, de Nova York, também já formaram um casal, ignorando completamente as fêmeas do recinto durante pelo menos um ano! Inclusive, eles chegaram a construir um ninho e a chocar um ovo doado, do qual nasceu Tango – uma história que rendeu até um livro infantil!

Ainda na lista de ovos adotados por casais gays de pinguins, estão Skip e Ping, dois machos do Zoológico de Berlim, na Alemanha, que adotaram um ovo abandonado.

Além desses pinguins 100% família, também já sabemos que pelo menos um quarto dos cisnes-negros machos elegem indivíduos do mesmo sexo para serem seus parceiros ao longo da vida!

De fato, essas aves só namoram fêmeas até os ovos serem postos. Depois disso, eles simplesmente expulsam as meninas do grupo! Então, são os machos que criam os filhotes. Inclusive, com um sucesso ainda maior que o de casais heterossexuais!

Por fim, para as gaivotas e os albatrozes, são os casais de fêmeas costumam criar os filhotes. Aliás, a homossexualidade feminina é especialmente comum nas aves marinhas!

Amor livre na Mata Atlântica

Em nossa rotina de trabalho pela conservação das aves da Mata Atlântica, nós já testemunhamos casais do mesmo sexo aqui no Parque das Aves. No entanto, não são apenas aves que exibem esse comportamento!

Veja 5 exemplos de animais da Mata Atlântica que formam casais do mesmo sexo:

1. Papagaios

Os papagaios são famosos por cultivarem relações homossexuais. De fato, não são raras as histórias de papagaios que, mesmo tendo a opção de se relacionar com o sexo oposto, não fazem a menor questão!

Em algumas espécies, pares de papagaios do mesmo sexo também criam filhotes juntos, além de permanecerem unidos para a vida toda. Além disso, o parceiro do mesmo sexo também ajuda a se proteger e a defender seus territórios.

Ficou curioso? Então, veja esse artigo especial sobre homossexualidade em papagaios.

2. Araras

Da mesma família que os papagaios, as araras também não tem preconceito. Então, quando se sentem à vontade com seu par, não importa que ele seja do mesmo sexo: vai ter parceria e muito chamego na certa!

Além disso, as relações costumam durar para a vida toda. É ou não é uma verdadeira meta de relacionamento? Aliás, falando nisso: você já conhece a história das fêmeas Linda e Lara, que vivem juntas há 20 anos, em um zoológico de Porto Alegre? Elas são até de espécies diferentes!

3. Golfinhos

Extremamente inteligentes, os golfinhos possuem capacidades cognitivas semelhantes aos humanos. No entanto, as semelhanças não param por aí: eles também apresentam um grande número de relacionamentos do mesmo sexo.

Inclusive, uma das espécies mais citadas para comportamento homossexual são os golfinhos nariz-de-garrafa, que podem ser observados em áreas costeiras próximas da Mata Atlântica.

Aliás, há um registro de um par de golfinhos gays que mantiveram um relacionamento por 17 anos! Quanto tempo durou o seu último namoro?

Além disso, pesquisadores já descobriram um bando de golfinhos composto apenas de machos! Por fim, também existem golfinhos bissexuais, que mantém relações próximas com indivíduos de mesmo sexo e do sexo oposto.

Muito sociáveis, esses animais mantém comportamentos sexuais dentro e fora da época do acasalamento, inclusive de forma homossexual. De fato, segundo o livro Comportamento Homossexual em Animais, essas interações ajudam a formar vínculos, negociar as relações de dominância entre os aliados e praticar comportamentos de corte para a vida adulta!

4. Orcas

É isso mesmo: até as orcas já foram flagradas exibindo comportamentos homossexuais!

Apesar do estereótipo de “baleia assassina”, as orcas não são baleias verdadeiras, sendo mais aparentadas com os golfinhos. E, assim como eles, também podem ser observadas em áreas costeiras próximas da Mata Atlântica.

Quando observamos orcas do mesmo sexo, não é incomum assistir comportamentos de namoro como saltos, respingos, bater a cauda, levantar a cabeça fora da água, vocalizar no ar, fazer carinho no corpo do parceiro e, acreditem, até mesmo mergulhos em espiral realizados em dupla!

Aliás, todo esse repertório de comportamentos não é por acaso: as interações homossexuais são uma parte essencial da vida social masculina das orcas! De fato, machos de todas as idades passam muito tempo exibindo comportamentos afetivos com outros machos.

Inclusive, eles chegam a deixar seus grupos familiares para se juntar à grupos formados apenas por machos. Ali, essas sessões de chamego podem durar horas. Em geral, apenas duas orcas participam de cada sessão. No entanto, não é incomum que hajam grupos de três, quatro e até cinco machos!

Inclusive, eles são realmente carinhosos: quase 90% dos comportamentos homossexuais registrados em orcas são recíprocos! Assim, muitos machos interagem com uma grande variedade de parceiros, se revezando para fazer carinhos. Porém, há outros machos que possuem parceiros favoritos, com os quais desenvolvem uma relação mais duradora, que persiste ano após ano.

Você sabia que é muito comum que mamíferos e outros animais marinhos mantenham relacionamentos homossexuais? Descubra mais clicando aqui e aqui!

5. Macaco-prego

Enquanto estudava as formas de aprendizado dos macacos-prego, o biólogo Henrique Rufo fez uma descoberta inesperada.

Ele estava analisando 33 indivíduos de macaco-prego amarelo (Sapajus libidinosus) no Parque Ecológico do Tietê, na Zona Leste de São Paulo. Apesar de ser mais comum nos biomas Caatinga e Cerrado, a espécie também habita essa área de Mata Atlântica.

Então, ao gravar os macacos para a sua pesquisa de mestrado, Henrique testemunhou seis macacos machos em encontros homossexuais, em pelo menos quatro ocasiões diferentes!

Até então, só haviam registros de comportamento homossexual em macacos-prego sob cuidados humanos. De fato, na ocasião reportada anteriormente, alguns machos que foram separados exibiram comportamentos homossexuais ao serem reunidos com seus companheiros.

Por isso, o registro de Henrique, obtido meio “sem querer querendo”, foi o primeiro para esse tipo de macaco no habitat natural! Os animais não param de nos surpreender, né?