4 animais da Mata Atlântica envolvidos em superstições
Publicado por parquedasaves em 30/10/2019
Atualizado em 16 de julho de 2024
Tempo de leitura: 8 minutos
Saiba o que é mito e o que é fato nesse post sobre 4 animais da Mata Atlântica que estão envolvidos em superstições!
Muitos animais presentes na Mata Atlântica estão envolvidos em superstições, lendas e mitos. Porém, embora histórias sejam famosas, elas podem prejudicar a conservação de muitas espécies!
Por isso, fizemos um compilado de “causos que o povo conta” sobre alguns animais e trouxemos fatos da biologia dessas espécies para avaliarmos o quanto de verdade há em cada história. Vamos conhecer melhor os animais da nossa Mata Atlântica?
As corujas são encontradas em praticamente todas as regiões do planeta, exceto em alguns locais extremamente frios. Por isso, sempre estiveram conectadas com os seres humanos. As pinturas rupestres de mais de 20 mil anos, por exemplo, já retratavam estes animais, assim como hieróglifos egípcios.
Embora em algumas regiões esta ave tenha sido venerada, em diversos outros países a sua presença foi associada ao mistério, ao azar, à morte e à entidades maléficas. Muito dessa fama se deve aos seus olhos grandes e olhar fixo, seu pio estridente e seu hábito de ficar em casas abandonadas e em torres de igrejas.
No entanto, esses comportamentos não tem nada de sobrenatural: enquanto os olhos enormes aumentam a eficiência da caça, seu canto ajuda a espantar outros animais do seu território e a se comunicar com indivíduos da mesma espécie. Já as igrejas, torres e casas abandonadas são refúgios seguros.
No Brasil, as corujas estão envolvidas em todo tipo de história esquisita, como a ideia de que se alguém comer uma sopa de coruja ficará mais inteligente, ou de que o marido que comer coruja assada será submisso à sua esposa. Porém, não há nenhuma evidência para validar nada disso.
Também há quem diga que a murucututu (Pulsatrix perspicillata), uma espécie de coruja, é uma alma penada, castigada pelo mal que fez em vida e condenada a vagar pelas florestas na forma de coruja.
Outros afirmam que a suindara (Tyto furcata), também chamada de rasga-mortalha (por conta do som que o atrito das asas faz quando ela voa), é atraída pelas luzes do quarto dos doentes e traz um presságio da morte dessas pessoas. Na verdade, as suindaras pousam próximo de qualquer casa, independente da saúde de quem está morando nela!
Nenhuma dessas histórias tem fundamento, mas durante muito tempo as superstições fizeram com que muitas pessoas não simpatizassem com corujas e incentivassem a crueldade contra elas, que são injustamente agredidas e mortas. Infelizmente, essa visão desconsidera a importância ecológica desses animais: as corujas são praticamente ratoeiras com asas!
Elas consomem cerca de 3 camundongos por dia, prestando um grande favor às áreas agrícolas e centros urbanos. Felizmente, por conta de diversas ações de educação ambiental, e de filmes como Harry Potter, que associam as corujas a algo positivo, hoje a maior parte das pessoas enxergam beleza nesses animais.
Atualmente, a coruja também é tida como símbolo dos professores, especialmente quando associada com uma toga e um diploma em baixo da asa. Com esses novos significados, a aversão, o preconceito e medo diminuíram muito.
Caso encontre uma coruja ferida, ligue para o órgão responsável por resgate de fauna na sua região (que pode ser os bombeiros ou a polícia ambiental, por exemplo) para comunicar a situação. Isso pode salvar a vida de um animal!
As serpentes estão presentes em diversas lendas do folclore brasileiro. Uma das mais famosas é a história do boitatá ou fogo-corredor, uma cobra de fogo gigante, com olhos brilhantes, que protege as matas brasileiras contra os incêndios, pois queima e pune quem coloca fogo nas matas.
Porém, existe uma explicação científica para a lenda: o fenômeno do fogo-fátuo, em que a oxidação dos produtos da decomposição de matéria orgânica (como o metano) produz luzes.
Quando foi lançado o filme “Anaconda”, muita gente também acreditou que cobras tivessem muitos metros de comprimento e saíssem por aí perseguindo humanos. Na verdade, o tamanho máximo da maior cobra brasileira, a sucuri, é de 9 metros, mas a maioria das sucuris possui apenas 4 metros de comprimento.
Outros mitos sobre serpentes dizem que assobiar à noite atrai esses animais (o que não faz sentido, pois as serpentes não conseguem ouvir sons da mesma forma que a maioria dos animais), ou afirmam que quem vê uma cobra e não mata é perseguido por ela para sempre (o que não aconteceria, pois ao sentir a vibração das passadas de humanos, as serpentes normalmente se sentiriam ameaçadas e iriam fugir).
Várias histórias também afirmam que as serpentes mamam em vacas, ideia que pode ter surgido de uma observação equivocada de uma cobra atacando o úbere (mama) de uma vaca.
Mas algumas pessoas vão ainda mais além: reza a lenda que, no meio da madrugada, algumas serpentes visitam mulheres que recém tiveram bebês, e ao chegar no quarto onde a mãe dorme com seu bebê ao lado, a cobra coloca a ponta da sua cauda na boca da criança, enquanto se alimenta no peito da mãe, que dorme profundamente.
As características biológicas das serpentes podem nos ajudar a ver que essa história é falsa: como as serpentes são répteis e não mamíferos, elas são intolerantes à lactose. Seus dentes e sua boca também não permitem o movimento de sucção, como fazem os mamíferos.
Ao encontrar uma serpente em área urbana, ligue para o órgão responsável por resgate de fauna na sua região (que pode ser os bombeiros ou a polícia ambiental, por exemplo) para pedir ajuda para retirar o animal.
Enquanto isso, é sempre melhor deixar a serpente sair por conta própria, pois tentar removê-la pode fazer com que se sinta ameaçada, atacando alguém para se defender.
Os urubus são aves que, para algumas pessoas, são considerados anunciadores da morte. Outras pessoas dizem que eles estão permanentemente de luto, por conta das suas penas pretas. Essa fama infundada se deve ao fato de se alimentarem de carcaças, mas na verdade não são eles quem matam os animais, apenas os encontram devido ao seu olfato muito aguçado.
Os urubus desempenham um papel muito importante em relação à limpeza das florestas, já que boa parte da sua dieta está baseada na alimentação da carcaça de animais mortos e outros materiais orgânicos em estados de decomposição.
Esse comportamento contribui para diminuir a propagação de doenças, pelo fato das carcaças conterem bactérias que poderiam causar botulismo, antraz, raiva e cólera. Em áreas que não são encontrados urubus, as carcaças levam de três a quatro meses para se decompor, aumentando o risco de propagação dessas doenças.
Em muitas culturas, as aranhas são tidas como protetoras do lar, que trazem dinheiro e sorte. Porém, nos filmes de terror, são frequentemente associadas com locais maléficos e abandonados.
No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que as aranhas são predadoras de diversos insetos, inclusive dos que transmitem doenças, como mosquitos, moscas e baratas, além de aranhas peçonhentas.
Uma espécie que as pessoas temem muito são as caranguejeiras, também chamadas de tarântulas. Mas, apesar de grandes e peludas, as tarântulas são completamente inofensivas: além de não serem agressivas, seu veneno é fraco para causar males a seres humanos.
Como todas as aranhas, ela utiliza o veneno para capturar insetos e outros pequenos animais dos quais se alimenta. Inclusive, há pesquisas sobre venenos de caranguejeiras como bioinseticidas, o que é muito importante, já que os inseticidas químicos têm resultado em populações de insetos cada vez mais resistentes.
O Brasil possui a maior diversidade de espécies de caranguejeiras do mundo, e mesmo assim não há registros de acidentes humanos grave (a maior parte dos acidentes com esse animal ocorrem porque a pessoa tentou manuseá-las).
Na maioria das vezes, a defesa da caranguejeira não é utilizar o veneno: ao sentir-se ameaçada, geralmente esfrega suas pernas traseiras no abdômen, liberando os pêlos, que podem atingir olhos, pele e nariz do animal que a ameaça, causando desconforto.
Embora a maior parte das aranhas não sejam peçonhentas ou sequer tenham um veneno de interesse médico, não se deve tocar ou manusear nenhuma espécie de aranha, pois pode ser difícil diferenciá-las.
Quando as encontrar, simplesmente se afaste e deixe a aranha sair do seu caminho por si mesma, ou a coloque para fora de casa utilizando a ponta de uma vassoura.
Quando conhecemos melhor os animais que vivem em nossa região, sentimos menos medo e aprendemos a admirar sua beleza e valorizar sua importância, convivendo melhor com eles.
Que tal ajudar a espalhar as informações do texto entre seus amigos, para que todos possam saber mais sobre essas espécies da nossa Mata Atlântica?
Acompanha nossas postagens nas redes sociais e fica com vontade de ver tanta beleza ao vivo? Então, quando vier a Foz do Iguaçu, não deixe de visitar o Parque das Aves! Estamos em frente às Cataratas do Iguaçu. Veja mais detalhes sobre a visita aqui!
Sobre o Parque das Aves
O Parque das Aves, um centro de resgate, abrigo e conservação de aves da Mata Atlântica e o atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu depois das Cataratas, completa 30 anos de atuação em 2024. Como é uma instituição privada, os visitantes promovem a continuidade do trabalho do atrativo através da visita ao Parque, consumo nos restaurantes do Complexo Gastronômico e compras na Loja de souvenirs.