Aves ameaçadas de extinção nascidas no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná, são reintroduzidas na Serra da Aratanha, no Ceará

Publicado por parquedasaves em 21/10/2024

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Colaboradores da instituição acompanharam a translocação das aves, que agora vão viver no ambiente de ocorrência natural da espécie, na Mata Atlântica nordestina

Neste mês de outubro, dois periquitos cara-suja (Pyrrhura griseipectus) nascidos no Parque das Aves foram oficialmente reintroduzidos no ambiente de ocorrência natural da espécie na Serra da Aratanha, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará, como parte do Projeto Cara-Suja, liderado pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – Aquasis. Uma equipe do Parque esteve presente para acompanhar a liberação dos animais do recinto de adaptação onde as aves se encontravam desde janeiro de 2024, data em que foram transferidos de Foz do Iguaçu para a região.

“Estamos extremamente orgulhosos de ver o fruto do trabalho e dedicação de muitas pessoas. Foi um processo longo, desafiador e que uniu muitas mãos de colaboradores tão dedicados, mas cada etapa foi essencial para garantir que essas aves estivessem prontas para serem translocadas com sucesso, contribuindo para a recuperação da espécie em seu ambiente natural”, comenta Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves, que esteve junto com Victor Barreto, assistente de comunicação, para acompanharem pessoalmente o processo de reintrodução.

Filhote de cara-suja. Créditos: Fábio Nunes/Aquasis

Parque das Aves e seu papel na conservação do periquito cara-suja

Essas duas aves são descendentes de um grupo de 12 caras-sujas resgatados no Ceará do tráfico de animais e entregues ao Parque das Aves em maio de 2019. O grupo, proveniente da Serra de Baturité, no Ceará, enfrentou inicialmente uma série de desafios relacionados à sua destinação — foram quase 2 anos de negociação, seguidos de tratamento veterinário pós-tráfico para só então alcançarmos o sucesso reprodutivo — em Foz do Iguaçu. Após posturas inférteis, ajustes no manejo e monitoramento contínuo realizado pela equipe do Parque das Aves, o grupo teve suas primeiras posturas férteis em março de 2023, resultando no nascimento dos primeiros filhotes em abril daquele ano, um macho e uma fêmea. Assim, em janeiro de 2024, as duas aves foram de avião para o Ceará, para dar início ao processo de reintrodução.

“Acompanhar a reintrodução de diferentes espécies de aves nascidas sob nossos cuidados é sempre uma honra. Saber que o trabalho que realizamos no Parque das Aves está diretamente ligado à conservação de uma espécie ameaçada nos enche de alegria e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Este é mais um passo importante para aumentar as chances do periquito cara-suja ter uma chance real de sobreviver em seu ambiente natural. É possível salvar espécies ameaçadas de extinção com o trabalho conjunto de instituições dedicadas, como o Parque das Aves e a Aquasis,” conclui Paloma.

Periquito cara-suja, espécie endêmica da Mata Atlântica nordestina

O cara-suja é uma ave endêmica da Mata Atlântica nordestina, ou seja, só ocorre nesse bioma. Antes era comum em áreas dos estados do Ceará, Alagoas e Pernambuco, mas atualmente se restringe a cinco áreas: Serra do Baturité (onde se encontra a maioria da população), Quixadá, Canindé e Ibaretama, todas regiões no Ceará, e também em uma pequena região na Bahia.

Atualmente, a espécie se encontra na categoria Em Perigo de extinção (EN) tanto na lista vermelha nacional, estabelecida pelo Ministério do Meio Ambiente, como na lista vermelha global, da União Internacional para a Conservação da Natureza – UICN. Entre as principais ameaças que colocam em risco o periquito cara-suja de desaparecer está a perda de seu ambiente natural e a captura de filhotes para o tráfico de animais.

Periquitos cara-suja em ninho artificial. Créditos: Fábio Nunes/Aquasis

O Projeto Cara-suja, da Aquasis

O periquito cara-suja sofreu uma série de extinções locais nos últimos 50 anos em sua distribuição original no Nordeste do Brasil. As medidas de conservação intensificadas na última década pela Aquasis, como o programa de caixas-ninho e campanhas de conscientização junto aos moradores locais, melhoraram tanto o estado de conservação desta ave que ela deixou de ser classificada como Criticamente em Perigo (CR) e passou para Em Perigo (EN).

Tais dados podem ser anualmente comprovados durante o Censo de População do Cara-suja, atividade que consiste em fazer o levantamento populacional das aves, mobilizando voluntários e pesquisadores que realizam contagens nos dormitórios previamente identificados das aves. Colaboradores do Parque das Aves participaram do censo em 2019 e 2022, e participarão em 2024 novamente. Com os dados do censo em mãos, é possível traçar estratégias eficientes para promover a melhor proteção ao cara-suja. 

Vários periquitos cara-suja empoleirados. Créditos: Fábio Nunes/Aquasis

No último censo, realizado em 2022, foram contabilizados 863 caras-suja no total, uma diferença de 206 a mais quando comparado com o censo anterior, evidenciando que as ações de conservação da espécie estão surtindo os efeitos esperados, visto que a população de periquito cara-suja já chegou a ter menos de 100 indivíduos antes de 2010.

Sobre o Parque das Aves

O Parque das Aves, um centro de resgate, abrigo e conservação de aves da Mata Atlântica e o atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu depois das Cataratas, completou 30 anos de atuação em 2024. Como é uma instituição privada, os visitantes promovem a continuidade do trabalho do atrativo através da visita ao Parque, consumo nos restaurantes do Complexo Gastronômico e compras na Loja de souvenirs.

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