PAN Aves da Mata Atlântica: salvando espécies da extinção
Publicado por parquedasaves em 27/05/2020
Atualizado em 3 de março de 2025
Tempo de leitura: 8 minutos
Para comemorar o Dia da Mata Atlântica, vamos falar um pouco sobre os Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs), especialmente o PAN Aves da Mata Atlântica, do qual o Parque das Aves participa!
No Viveiro Cecropia, é possível se conectar com a natureza e admirar de perto aves incríveis da Mata Atlântica. Um momento especial de proximidade com a biodiversidade!
Um Plano de Ação Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN) é um documento, construído de forma participativa por diversas pessoas e instituições, que ajuda a planejar e organizar ações para conservar espécies de plantas, animais e outros seres vivos, e dos ambientes naturais onde eles vivem. A ideia é identificar as principais ameaças que fazem com que essas espécies estejam em risco de extinção, e propor maneiras de combatê-las.
Algumas aves que temos no Parque das Aves que integram o PAN:
O tucano-de-bico-verde é um dos habitantes icônicos da Mata Atlântica. Ele desempenha um papel fundamental na dispersão de sementes, ajudando na regeneração da floresta
O mutum-de-alagoas, que já foi considerado extinto na natureza, está sendo reintroduzido em seu habitat graças a esforços de conservação. Cada indivíduo conta para a sobrevivência da espécie
A jacutinga é um dos pequenos marrons da Mata Atlântica que precisa de proteção. Essa espécie, além de linda, é essencial para a dispersão de sementes de árvores nativas
As estratégias podem incluir: minimizar as ameaças sobre as espécies, conciliar a convivência entre as espécies e a sociedade, conservar os animais em locais especializados (como os zoológicos e os criadouros conservacionistas), fortalecer pesquisas sobre as espécies, desenvolver ações de educação ambiental, recuperar áreas degradadas, promover a conectividade entre os ambientes naturais, criar e manter Unidades de Conservação.
A responsabilidade de desenvolver os PANs é da União, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Para isso, em 2018 o ICMBio criou uma Instrução Normativa nº 21/2018, que ajuda a direcionar a criação e a execução desses planos de ação. A partir das orientações desta Instrução Normativa, os PANs são criados de modo participativo: muitos especialistas em conservação das espécies na natureza e sob cuidados humanos (como no zoológicos e criadouros conservacionistas, por exemplo) podem sugerir ações, além da participação de órgãos do governo, de organizações não governamentais (ONGs) ligadas à conservação, da comunidade local, entre outras partes interessadas.
Print da pagina com todos os PANs no site gov.com
Existem hoje 42 PANs em andamento, e eles podem ser de vários tipos diferentes:
Para conhecer a lista completa de todos os PANs que existem no Brasil, clique aqui.
Todo PAN tem um ciclo, que envolve quatro etapas principais:
Essas etapas devem ser cumpridas dentro do período de duração do PAN (chamado de ciclo). Esse monitoramento é feito anualmente, pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GAT). Se durante essa etapa o GAT perceber que é necessário, o período pode ser estendido (novo ciclo). Por exemplo: o PAN Aves da Mata Atlântica tem 5 anos de duração (2017 a 2022) – mas, se preciso for, poderá haver um novo ciclo deste PAN.
A grandiosidade da Mata Atlântica. Um dos biomas mais biodiversos do planeta, essencial para a preservação da fauna e da flora. Vamos protegê-la juntos.
A Mata Atlântica está espalhada em 17 estados brasileiros (RN, CE, PI, PB, PE, AL, SE, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS). Na maior parte deles, há conexão com a costa do país – o próprio nome da floresta vem justamente da proximidade com o Oceano Atlântico! Por isso, a Mata Atlântica é lar para mais de 72% da população brasileira!
Em termos de biodiversidade, a Mata Atlântica é o 2º bioma que abriga a maior variedade de formas de vida, e também concentra um imenso número de espécies endêmicas – ou seja, que só existem ali! A diversidade de espécies botânicas que encontramos na Mata Atlântica é algo incrível e encantador: ali vivem 5% da flora mundial (quase 20 mil espécies vegetais!), o que corresponde a 35% das plantas existentes no Brasil. Dessas 20 mil espécies, mais de 8 mil são exclusivas do bioma, e grande parte delas está ameaçada de extinção.
No mundo dos animais que vivem na Mata Atlântica, também encontramos uma diversidade espetacular: ali habitam 5% das espécies de vertebrados do mundo, o que representa mais de 2 mil espécies de animais! Para o grupo das aves, são quase 900 espécies, das quais 45% apresentam algum nível de risco de desaparecer na natureza. Isso significa que 120 espécies e subespécies precisam de ações para que sua população aumente e possam desempenhar seu papel ecológico na teia da vida deste bioma – uma teia que está muito conectada com os seres humanos que vivem ali – ou seja, cerca de 145 milhões de pessoas!
Com tamanha importância, a Mata Atlântica foi decretada Patrimônio Nacional na Constituição Federal de 1988, e é considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO. Em 2006, foi criada a Lei da Mata Atlântica (lei 11.428/2006), que é o principal instrumento para proteger este bioma. Porém, infelizmente, existem diversas ameaças à Mata Atlântica. Porém, o que muita gente não sabe é que as áreas de Mata Atlântica que já foram desmatadas dentro desses estados continuam sendo consideradas área do bioma. Entre elas, temos: o desmatamento (histórico e atual) para usar a terra na agropecuária, urbanização e industrialização, o consumismo das pessoas (que acelera toda essa destruição), o tráfico de animais silvestres, a caça predatória e a poluição em todas as suas formas. Todas essas situações trazem um impacto imenso para a biodiversidade desse bioma!
A ideia principal do 2° ciclo de gestão do PAN é implementar ações para ajudar a recuperar e conservar as espécies de aves da Mata Atlântica. O documento inclui 114 espécies de aves que estão ameaçadas de extinção, além de 22 espécies que estão na categoria “quase ameaçada”.
O PAN Aves da Mata Atlântica foi elaborado entre os dias 13 e 16 de outubro de 2014, com a participação de 31 pessoas, representando 25 instituições diferentes! Juntos, esses especialistas definiram algumas estratégias prioritárias para conservar as aves desse bioma, como: proteger, ampliar, restaurar e conectar os ambientes naturais onde vivem as aves; reduzir a caça e a captura ilegal desses animais; promover, de maneira adequada, a soltura e reintrodução desses animais nas áreas onde eles podem ser encontrados naturalmente; controlar a presença de espécies exóticas invasoras nas áreas onde vivem das espécies nativas e avaliar o efeito de alterações climáticas sobre esses animais.
Especialistas reunidos, dialogando sobre a construção do PAN Aves da Mata Atlântica no ano de 2020
Um ponto muito importante do PAN é que as populações de aves que existem na natureza devem ser geneticamente viáveis: isso significa que não basta existirem animais em uma determinada área, eles precisam ter uma genética saudável – ou seja: não deve ocorrer reprodução entre animais que são muito aparentados. É por isso que grandes áreas naturais bem conservadas são essenciais, assim como conectividade entre elas, pois evitam que os animais se reproduzam apenas com indivíduos muito próximos, com a genética muito parecida. Quantas coisas para serem pensadas quando falamos de conservação, não?
Levando tudo isso em consideração, foram elencadas 44 ações que precisam ser realizadas para que estes objetivos se cumpram. Esse é um grande desafio, e o Parque das Aves se orgulha de ser parte dessa atuação tão importante para a defesa das aves da #NossaMataAtlantica!
Você pode fazer MUITO para contribuir com os objetivos do PAN Aves da Atlântica! Veja algumas ideias:
E em sua próxima visita a Foz do Iguaçu, não deixe de visitar o Parque das Aves e conhecer o trabalho de conservação de aves da Mata Atlântica bem de pertinho. O Parque fica localizado bem em frente às Cataratas do Iguaçu. Veja mais detalhes sobre a visita aqui: www.parquedasaves.com.br
Fontes:
Como funcionam os Planos de Ação Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas
O Parque das Aves, um centro de resgate, abrigo e conservação de aves da Mata Atlântica e o atrativo mais visitado do Paraná depois das Cataratas, completou 30 anos de atuação em 2024. Como é uma instituição privada, os visitantes promovem a continuidade do trabalho do atrativo através da visita ao Parque, consumo nos restaurantes do Complexo Gastronômico e compras na Loja de souvenirs.